O modo manual de uma câmera pode ser um pouco assustador. Quando saio pelas ruas com minha DSLR, o medo de perder um momento extraordinário me faz preferir a prioridade de abertura ou de obturador a maior parte do tempo. Só recorro ao manual em situações em que não há outra saída, como é o caso das cenas noturnas. Mas toda essa ansiedade desapareceu quando usei a X-T1 neste final de semana.
Nada é mais natural do que se aventurar com o modo manual dessa câmera. Talvez isso seja uma consequência do fato de que ela não tem uma roda de exposição tradicional com os modos PASM, mas a enorme quantidade de controles físicos diretos realmente incentiva qualquer um a ficar brincando com os ajustes da máquina. Gire a roda de abertura da lente um pouco, aumente a velocidade e o ISO e de repente você está sob controle total da máquina sem nem perceber. Tudo isso com a satisfação daquele “click” mecânico que faz você pensar que é Cartier Bresson operando uma rangefinder.
Obviamente, não há nada mecânico nessa câmera. A X-T1 é uma híbrida sem espelho exatamente como todas as câmeras da Fuji desde que a empresa deu uma reviravolta com a FinePix X100. A linguagem visual continua seguindo as mesmas regras do estilo retrô, mas, ao mesmo tempo, a X-T1 é uma obra-prima de engenharia, equipada com o que há de mais moderno na fotografia digital. Ela usa uma versão nova do aclamado sensor X-Trans, que melhora o desempenho do sistema de autofoco com pixels de detecção de fase, ao estilo da série Alpha da Sony.
Quando a X-pro1 e a X-E1 passaram pelo Infolab, notei que sua principal fraqueza estava na lentidão tanto para ligar a câmera quanto para focar. Esse problema praticamente desapareceu com a X-T1, que é tão veloz nos dois aspectos quanto quanto qualquer outra híbrida. Fiquei particularmente impressionado com a rapidez do disparo contínuo. Os únicos momentos em que a câmera têm dificuldade são as cenas escuras, mas o mesmo vale para qualquer máquina. Além de ganhar em velocidade, o X-Trans II manteve a admirável resistência o ruído de seu antecessor.
Essa imagem foi tirada na Paulista, depois das 21h. Não usei flash e a única luz ambiente estava atrás dos dançarinos, vinda das lâmpadas de rua e dos carros. Dado o nível de ISO que fui forçado a utilizar, a qualidade dessa imagem é absolutamente incrível para uma câmera APS-C. Configuração: 24 mm, ISO 25600 (!), 1/180, f/3.6
Apesar de todos esses recursos, a parte da X-T1 que mais me impressionou foi o visor ocular eletrônico. Preste atenção naquele calombo no topo da câmera, parece até que tem um pentaprisma ali! Esse é um dos maiores viewfinders que eu já utilizei e a Fuji fez questão de se aproveitar da área extra. Quando a câmera está em modo de foco manual, a tela é dividia em duas, uma com um detalhe para auxiliar a focagem e outra com a cena completa. Informações como o histograma em tempo real também mudam de posição se o fotógrafo segura a câmera horizontalmente ou verticalmente.
Um exemplo de foto com o modo de simulação de filme Velvia, que intensifica as cores. Tirada na Sumaré, no Bloco do Sargento Pimenta. Configuração: 55 mm, ISO 200, 1/250, f/4
Infelizmente, a câmera é nova demais e ainda não há suporte para as imagens em RAW que ela produz no Lightroom 5 da Adobe. Enquanto esse extra não chega, duvido que a maioria dos fotógrafos ficaria decepcionada com os JPEGs da X-T1. Como na X-pro1, a Fuji implementou uma série de modos de simulação de filme que tratam as cores de maneiras diferentes em cada situação. Usei o Velvia na maior parte das fotos que tirei dos blocos de carnaval de rua.
Outra foto tirada com o Velvia no Bloco do Sargento Pimenta. Configuração: 55 mm, ISO 200, 1/180, f/5.6
Como costuma ser o caso nessas máquinas, o modo de vídeo é bem ordinário. Ela filma em 1080 a 30 FPS e ponto. Não há nada de particularmente errado com as gravações, mas elas parecem bem fracas em comparação com as fotos. No modo de vídeo, o fotógrafo perde quase todos o controle manual, mas isso já era de se esperar.
Foto tirada no Bloco da Baixa Augusta com o a simulação de filme Pro Negative Standard, que suaviza os tons de pele. Configuração: 23 mm, ISO 1250, 1/125, f/4
A X-T1 é a melhor híbrida que já passou pelo Infolab? Ainda é cedo para dizer, só quando terminarmos os testes formais terei uma resposta pronta para a próxima edição da revista. No entanto, é inegável que ela prova sem margem para controvérsia que a Fujifilm fabrica ferramentas para profissionais e não câmeras de boutique.
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