sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Autor conta como foi escrever livro de Jobs


São Paulo – O escritor Walter Isaacson, responsável pela biografia autorizada de Steve Jobs, detalhou como recebeu o convite para escrever o livro.


O texto original de Isaacson será publicado amanhã (07/10) na revista TIME, mas foi divulgado pela Companhia das Letras. A editora nacional será a responsável pela distribuição da biografia de Steve Jobs no Brasil, que chega dia 24 de outubro.

“No início do verão de 2004, recebi um telefonema de Jobs. Na verdade, ele queria dar uma caminhada comigo para que pudéssemos conversar. Isso me pareceu um pouco estranho. Eu ainda não sabia que dar uma longa caminhada era a sua forma preferida de ter uma conversa séria. No fim das contas, ele queria que eu escrevesse sua biografia”, disse Isaacson.


O escritor, que já foi presidente da CNN e editor-chefe da TIME, disse que hesitou ao aceitar o convite, pois explicou para Jobs que sua história deveria aguardar pelo menos mais uma década antes de ser publicada devido a sua carreira oscilante. “Eu havia publicado recentemente uma [biografia] de Benjamin Franklin e estava escrevendo outra sobre Albert Einstein, e minha reação inicial foi perguntar, meio de brincadeira, se ele se considerava o sucessor natural naquela sequência”


Mas Isaacson lembra que o pedido de Jobs veio logo antes dele realizar a cirurgia contra o câncer no pâncreas. E que ao acompanhar sua luta contra a doença percebeu o quanto sua personalidade estava presente nos produtos que criava.


“A saga de Steve Jobs é o mito de criação da revolução digital em grande escala: o início de um negócio na garagem de seus pais e sua transformação na empresa mais valiosa do mundo. Embora não tenha inventado muitas coisas de cabo a rabo, Jobs era um mestre em combinar ideias, arte e tecnologia de uma maneira que por várias vezes inventou o futuro”, aponta.


Isaacson diz que Jobs era capaz de combinar o poder da poesia com processadores. E que sua paixão, perfeccionismo, sonhos, talento artístico e a obsessão pelo controle se uniram para levar a excelência dos seus produtos aos usuários.


“Em consequência, o iPod, tal como o iPhone e o iPad que vieram depois, eram um deleite elegante, em contraste com os canhestros produtos rivais que não ofereciam uma experiência perfeita de ponta a ponta”.


Jobs justificava sua capacidade em integrar hardware, software e conteúdo em um sistema unificado, pois isso possibilitava impor a simplicidade em suas criações.


“As pessoas estão ocupadas fazendo o que sabem fazer melhor e querem que façamos o que fazemos melhor. Suas vidas estão ocupadíssimas; elas têm mais coisas a fazer do que pensar em como integrar seus computadores e dispositivos”, dizia Jobs em defesa de sua busca pela excelência.


O escritor diz que a insistência de Jobs possibilitou a todos uma experiência de usuário deliciosa e que por isto até se justificaria ficar a mercê de um “maníaco por controle”. E finaliza seu texto contando como foram seus últimos dias com Jobs.


“Há algumas semanas, visitei Jobs pela última vez em sua casa de Palo Alto. Ele se mudara para um quarto no andar de baixo, porque estava fraco demais para subir e descer escadas, e estava encolhido com um pouco de dor, mas sua mente ainda estava afiada e seu humor vibrante. Conversamos sobre sua infância, e ele me deu algumas fotos de seu pai e da família para usar em minha biografia. Como escritor, estou acostumado a manter distanciamento, mas fui atingido por uma onda de tristeza quando tentei dizer adeus. A fim de disfarçar minha emoção, fiz a pergunta que ainda me deixava perplexo. Por que ele se mostrara tão disposto, durante quase cinquenta entrevistas e conversas ao longo de dois anos, a se abrir tanto para um livro, quando costumava ser geralmente tão discreto? “Eu queria que meus filhos me conhecessem”, disse ele. “Eu nem sempre estava presente, e queria que eles soubessem o porquê disso e entendessem o que fiz.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário