Nova York – Recentemente, a primeira família americana recebeu um MEDCottage de alta tecnologia. Ele funciona como um chalé de 3,5 por 7 metros com quarto e banheiro, que pode ser instalado como uma estrutura independente no quintal de sua casa.
Os australianos, que começaram a construir casas simples para que seus parentes idosos vivessem em seus quintais nos anos 1970, as chamam de "flat da vovó". Nos Estados Unidos, essas unidades autônomas ganharam outro apelido: "casulo da vovó".
A solução é uma ótima opção para quem tem parentes doentes, mas não tem como mantê-los em casa. Quando seu pai ficou doente, a Dra. Socorrito Baez-Page enfrentou um dilema cada vez mais frequente. Seus pais idosos queriam continuar em sua casa na cidade, mas sua mãe não era capaz de cuidar do marido sozinha.
Então, Baez-Page, que é clínica-geral em Alexandria, Virgínia, mudou seus pais para sua casa, transformando a sala de jantar e o quarto de TV no andar térreo em um dormitório. Mas os quatro degraus que levam ao banheiro provaram ser muito perigosos. O MEDCottage foi a melhor opção.
O MEDCottage é projetado para ser um apartamento sem paredes internas, com uma área para a cozinha (equipada com micro-ondas, uma pequena geladeira e uma máquina de lavar roupa), uma área para a cama e um banheiro grande o bastante para movimentar uma cadeira de rodas. As tubulações de eletricidade, telefone, aquecimento, água e esgoto são ligadas às da casa principal.
A unidade está repleta de detalhes de alta tecnologia. Você pode derrubar um ovo de uma altura de 45 centímetros sobre o piso especial de borracha, sem que ele se quebre. Para que as idas noturnas ao banheiro se tornem mais seguras, um tapete que se estende da cama até o banheiro se acende automaticamente quando alguém pisa nele, e se desliga após 10 minutos.
Faixas ao longo do teto acomodam um ascensor ou um gancho em forma de trapézio para ajudar os residentes com maiores problemas de mobilidade. Caso o morador caia, ele poderá ser visto por um sistema de câmeras ligado a um computador na casa principal.
Para as pessoas que precisam de um monitoramento médico mais elaborado, o MEDCottage tem um sistema que monitora a pressão sanguínea, o nível de glicose, os batimentos cardíacos e a oxigenação sanguínea, compartilhando essa informação com a família e com os médicos.
Esse tipo de moradia não é legalizado em todos os lugares e as regras de zoneamento urbano locais podem impor barreiras, destacou Rodney Harrel, um especialista em políticas habitacionais do Instituto de Políticas Públicas da AARP (Associação de Aposentados dos EUA). Cerca de metade dos estados permite a instalação desse tipo de habitação suplementar para membros da família. Diversos outros estados, incluindo Nova York, estão estudando uma legislação que permita de forma explícita a sua instalação.
Entretanto, instalar uma dessas casas é especialmente fácil na Virgínia. Uma lei estadual aprovada em 2010 permite que moradias médicas temporárias sejam instaladas nos terrenos de moradores do estado, desde que um médico confirme que o paciente precisa de assistência em, ao menos, duas atividades diárias – como tomar banho, comer ou se vestir – e que as unidades sejam removidas quando não forem mais necessárias (para que elas não passem a ser uma propriedade de aluguel).
Novo, o chalé custa cerca de 85.000 dólares, e os distribuidores o compram de volta por cerca de 38.000 dólares após 24 meses de uso. "Comparado aos custos de um asilo – que podem variar entre 6.000 e 8.000 dólares por mês na Virgínia, ou até mais em Nova York –, isso é barato", afirmou Kenneth Dupin, fundador da N2Care, a fabricante do chalé, com sede em Roanoke, Virgínia.
Entretanto, diferentemente dos asilos, os casulos da vovó não vêm equipados com cuidados médicos 24 horas, nem com três refeições ao dia. Contratar um auxiliar de cuidados médicos (cerca de 19 dólares a hora) apenas nos dias úteis pode acrescentar até 39.000 dólares por ano.
Mas um número cada vez maior de idosos – 88 por cento das pessoas com mais de 65 anos – afirmam preferir viver em suas próprias casas, dentro de suas próprias comunidades, de acordo com uma pesquisa realizada em 2010 pela AARP.
Caso você possa mantê-los, os casulos da vovó têm vantagens: "Os adultos mais velhos têm seu próprio espaço de vida e sua privacidade, o que tem o potencial de reduzir boa parte do stress associado aos cuidados com pais idosos", afirmou Bernard A. Steinman, pesquisador associado sênior do Instituto para a Inclusão na Comunidade da Universidade de Massachusetts. Ainda assim, a instalação pode não funcionar para todo mundo. "Algumas famílias podem possuir dinâmicas e/ou históricos que tornem essa opção indesejável, ou o nível dos cuidados necessários ao idoso pode exceder o que a família é capaz de fornecer", afirmou Steinman.
Na região de Nova York, existe outra alternativa pré-fabricada, as PALS (sigla em inglês de "estruturas práticas de moradia assistida"), criadas por Henry C. Racki Jr., construtor de casas de Connecticut também é especialista certificado em gerontologia ambiental.
O casulo vem com linhas de telefone e de TV a cabo instaladas nas paredes (nada de fios para tropeçar), um closet com prateleiras que descem ao nível de uma cadeira de rodas, detectores de movimento que ligam automaticamente o sistema de iluminação noturna na altura do joelho, chuveiros com barras de apoio e diversos tipos de entradas sem degraus.
Ainda que cada PALS seja adaptada para as necessidades do cliente, a unidade padrão de 6 por 4,5 metros, com quarto e banheiro, custa a partir de 67.000 dólares. Os proprietários de residência também podem arrendar uma unidade. Um arrendamento de cinco anos custa cerca de 1.700 dólares por mês e, ao final deste período, a unidade passa a ser sua.
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